Ciência por trás da liberação de água radioativa de Fukushima Daiichi: Ondas Curtas: NPR
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Ciência por trás da liberação de água radioativa de Fukushima Daiichi: Ondas Curtas: NPR

Jun 21, 2023

EMILY KWONG, BYLINE: Você está ouvindo SHORT WAVE...

(SOM DA MÚSICA)

KWONG: ...Da NPR.

REGINA BARBER, ANFITRIÃ:

Olá, ONDAS CURTAS. Regina Barber aqui com uma dupla poderosa de reportagens, Kat Lonsdorf e Geoff Brumfiel da NPR. Ei.

KAT LONSDORF, BYLINE: Ei.

GEOFF BRUMFIEL, BYLINE: Olá.

BARBER: Então trouxemos você para o programa hoje porque você está acompanhando a Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão. Tornou-se notícia quando houve vários colapsos após o enorme terremoto que desencadeou um tsunami em 2011.

(SOM DA MONTAGEM)

REPÓRTER NÃO IDENTIFICADO #1: magnitude 8,9.

REPÓRTER NÃO IDENTIFICADO # 2: As barras de combustível agora estão expostas. E se continuarem assim, poderão libertar radioactividade.

REPÓRTER NÃO IDENTIFICADO #1: Foi o quinto maior terremoto da história.

BRUMFIEL: Certo. E o colapso de um reator é tão ruim quanto parece. Basicamente, o que isso significa é que o combustível nuclear dentro do reator fica tão quente que começa a derreter e a se aglomerar. E isso pode levar a uma reação em cadeia descontrolada.

LONSDORF: Sim. E então, para impedir esse colapso, despejaram enormes quantidades de água naquele combustível nuclear derretido. E mesmo depois de todos estes anos, têm de continuar a fazer isso porque, apesar de estarem a ser desactivados, o combustível ainda está quente. Precisa ser resfriado.

BRUMFIEL: E também há água subterrânea que está vazando para dentro da usina desde o acidente. Então toda essa água – chega a 350 milhões de galões – vem se acumulando no local.

LONSDORF: E a questão agora é que estes tanques estão a ficar sem espaço.

BARBER: Isso não parece bom.

LONSDORF: Não. E eles só precisam de um sistema para se livrar disso. Eles passaram anos desenvolvendo um plano.

BARBER: E agora o Japão começou a liberar água como parte desse plano, certo?

BRUMFIEL: Certo. Na quinta-feira, começaram a liberar parte da água no Oceano Pacífico através de um túnel subterrâneo.

LONSDORF: E direi que esta libertação é uma decisão controversa, tanto à escala local - sabem, os pescadores estão preocupados que as pessoas fiquem cautelosas com os seus peixes, por exemplo, avançando e prejudicando os seus negócios - e à escala internacional.

BARBER: Então, hoje no programa, enquanto o Japão libera água radioativa nos oceanos, chegamos à ciência, o que há na água e por que alguns estão insatisfeitos com o fato de ela estar sendo liberada. Sou Regina Barber e você está ouvindo SHORT WAVE da NPR.

(SOM DA MÚSICA)

BARBER: Ok, Geoff, podemos começar bem básico? O que há em toda essa água que torna a questão tão complicada?

BRUMFIEL: Sim, bem, quero dizer, para começar, acho que é seguro dizer que os reatores nucleares normalmente são ambientes muito controlados. E parte do que torna isso complicado é que este é um ambiente muito descontrolado. Temos muito material nuclear e água se misturando. E então o que está acontecendo é que elementos radioativos como o césio-137 e o estrôncio-90 estão sendo dissolvidos na água. Eles estão flutuando. E eles são muito perigosos, francamente. Se entrarem no meio ambiente, podem ser absorvidos por animais, plantas e humanos. E com o tempo, eles podem deixar as pessoas doentes, basicamente causar câncer. Eles podem mexer com o meio ambiente e de todas as maneiras terríveis. Assim, o governo japonês tem passado anos a desenvolver um sistema para filtrar estes isótopos radioactivos. É chamado de Sistema Avançado de Processamento de Líquidos, ou ALPS, para abreviar. E pode cuidar de alguns isótopos. Mas há um isótopo do qual eles não conseguem se livrar: o trítio. O trítio é um isótopo do hidrogênio e o hidrogênio faz parte do H2O. Faz parte da própria água. Portanto, não há como tirar o trítio desta água. Agora, o trítio ocorre naturalmente no meio ambiente. Não é o elemento radioativo mais perigoso que existe. Tem uma meia-vida de apenas 12 anos, em oposição, digamos, ao urânio-235, que permanece por 700 milhões de anos.